Plenário da Câmara na Argentina se Transforma em Arquibancada de Futebol

Na tarde desta quarta-feira, a sessão de juramentos dos deputados eleitos na Argentina mais parecia um clássico de futebol. O plenário da Câmara virou um verdadeiro campo de batalha verbal, com políticos de esquerda e direita, especialmente os do partido governista A Liberdade Avança, trocando insultos e palavras de ordem. O presidente Javier Milei, presente no local, não deixou por menos e participou ativamente das manifestações.

O clima esquentou logo após a execução do hino nacional, quando gritos de “A Pátria Não se Vende” ecoaram pelo plenário, uma clara crítica ao programa de privatizações de Milei e ao apoio financeiro dos Estados Unidos. Em resposta, os deputados governistas entoaram “Presidente, presidente” e “liberdade, liberdade”. A situação culminou com o coro de “A casta tem medo”, entoado pelo próprio Milei, um slogan que marcou sua campanha eleitoral de 2023.

Confronto de Ideais no Plenário

O cenário político argentino mostrou-se mais polarizado do que nunca, com discursos acalorados de ambos os lados. Néstor Pitrola, do Partido Obrero, clamou por um mundo socialista e prometeu enfrentar a reforma trabalhista proposta pelo governo. Ele também criticou o que chamou de “pacote repressivo de Milei e do FMI”, aproveitando para pedir um “fora Trump da Argentina” e uma Palestina livre.

Figuras de Destaque e Suas Declarações

A sessão também foi marcada por manifestações simbólicas. A kirchnerista Lucía Cámpora, por exemplo, vestiu uma camiseta preta com a inscrição “Libertem Cristina”, em referência à ex-presidente Cristina Kirchner, e usou seu momento de juramento para lembrar Néstor Kirchner. Já Virginia Gallardo, ex-dançarina e colunista de televisão, apareceu acompanhada de sua filha e defendeu valores familiares e um futuro melhor para todos.

Presidência da Câmara e Críticas ao Peronismo

Martín Menem, representante de La Rioja, foi confirmado como presidente da Câmara dos Deputados e não poupou críticas ao peronismo. Ele destacou que o governo de Javier Milei foi o primeiro democraticamente eleito a ter decretos de necessidade e urgência rejeitados. Menem também mencionou as interpelações que o governo sofreu, algo que não acontecia desde 1996, e as duas comissões investigativas simultâneas que, segundo ele, foram orquestradas por aqueles envolvidos em escândalos de corrupção.

Para Menem, o atual governo enfrenta desafios inéditos, mas permanece firme em seus propósitos de mudança e renovação política. A sessão de juramentos, portanto, não foi apenas um procedimento formal, mas um reflexo das tensões e desafios que a política argentina enfrenta atualmente.

O evento demonstrou como o cenário político do país está dividido, com cada lado defendendo suas convicções de maneira fervorosa. A expectativa é que essa polarização continue a influenciar os rumos do governo Milei e as futuras decisões do Congresso.