CBF Lança Fair Play Financeiro para Clubes Brasileiros

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou nesta quarta-feira (26) um novo marco no futebol nacional: a implementação do fair play financeiro. Durante o Summit CBF Academy, em São Paulo, a entidade apresentou o Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF), que promete transformar a gestão financeira dos clubes brasileiros. O objetivo é garantir que os clubes mantenham suas contas em dia e evitem gastos excessivos.

O evento contou com a presença de Caio Resende, Diretor Acadêmico da CBF Academy, e César Grafietti, economista especializado no mercado esportivo. Juntos, eles detalharam os pilares que sustentarão o novo modelo, que já começa a gerar expectativas entre dirigentes e torcedores. Vamos entender melhor como tudo isso vai funcionar.

Os Quatro Pilares do Sistema de Sustentabilidade Financeira

O SSF é estruturado em quatro pilares principais, que vão desde o controle de dívidas até a gestão do elenco. Cada um desses pilares visa assegurar que os clubes operem dentro de suas capacidades financeiras, evitando problemas comuns no futebol brasileiro.

Controle de Dívidas

O primeiro pilar foca no controle de dívidas, garantindo que os clubes não tenham pagamentos em atraso com outros clubes, funcionários e autoridades públicas. A fiscalização será feita em três datas ao longo do ano: 31 de março, 31 de julho e 30 de novembro. Os clubes deverão apresentar uma auto-declaração com suas informações financeiras.

Equilíbrio Operacional

Manter as contas equilibradas é fundamental. Nesse pilar, os clubes precisam garantir um superávit operacional, ou seja, que suas receitas sejam suficientes para cobrir as dívidas. Caso contrário, é permitido que o dono do clube faça um aporte de capital para equilibrar as contas. Gastos com categorias de base, futebol feminino e infraestrutura não são contabilizados nesse cálculo.

Controle de Custo do Elenco

Os gastos com o elenco, incluindo salários e direitos de imagem, não podem ultrapassar 70% das receitas do clube. Essa regra será aplicada de forma gradual, com um período de transição que permite ajustes até 2028. Para as séries A e B, o limite inicial será de 80%, reduzido para 70% em 2029 para a primeira divisão.

Controle de Endividamento de Curto Prazo

Por fim, o controle do endividamento de curto prazo estabelece que a dívida líquida do clube deve ser menor ou igual a 45% das receitas. Assim como os outros pilares, haverá um período de transição até 2028, com o limite sendo ajustado gradualmente.

Fiscalização e Sanções

Para garantir o cumprimento das regras, a CBF criou a Agência Nacional de Regulação e Sustentabilidade do Futebol (ANRESF), que será responsável pela fiscalização e aplicação das normas. As sanções para os clubes que não cumprirem as regras variam de advertências públicas a multas e, em casos extremos, até rebaixamento ou cassação da licença de operação.

Caio Resende destacou que as sanções mais severas só serão aplicadas após repetidos descumprimentos, enfatizando que o objetivo principal é educar e orientar os clubes para uma gestão financeira mais saudável.

Com essas medidas, a CBF espera não apenas melhorar a saúde financeira dos clubes, mas também trazer mais transparência e competitividade ao futebol brasileiro. A expectativa é que, com o tempo, o fair play financeiro se torne uma referência para outros países.