Putin e Modi fortalecem laços em meio a tensões globais

Em um momento de intensas negociações sobre a paz na Ucrânia, o presidente russo Vladimir Putin embarcou em uma significativa viagem de dois dias à Índia. O objetivo? Reforçar os laços com o aliado de longa data e desafiar o isolamento imposto pelo Ocidente. A visita acontece enquanto a Europa debate suas estratégias e os Estados Unidos pressionam por uma resolução rápida.

A viagem de Putin à Índia é um movimento estratégico para assegurar sua posição no cenário internacional, especialmente diante das pressões ocidentais. Durante uma entrevista a uma emissora indiana, Putin defendeu o direito do primeiro-ministro Narendra Modi de decidir de onde comprar petróleo, em resposta às pressões do então presidente dos EUA, Donald Trump.

Pressões e interesses econômicos

O cenário econômico é um dos principais motores por trás dessa visita. A Índia, que compra cerca de 40% de seu petróleo da Rússia, tem sido alvo de pressões americanas. Trump aumentou as tarifas de importação sobre produtos indianos na tentativa de frear essa relação, mas Nova Déli segue firme em sua política de aquisição energética.

Aposta no setor de defesa

Além do petróleo, outro ponto crucial nas conversas entre Putin e Modi é o setor de defesa. A Rússia busca retomar seu papel como principal fornecedor militar da Índia, especialmente após o país asiático ter optado por caças franceses recentemente. Entre os interesses russos estão o caça de quinta geração Su-57 e sistemas antiaéreos S-400, além de um possível arrendamento de um submarino nuclear.

Repercussões na Europa

Enquanto Putin busca fortalecer laços com a Índia, a Europa enfrenta divisões internas quanto à sua postura diante da Rússia. A Comissão Europeia propôs usar reservas russas congeladas para financiar despesas ucranianas, o que gerou controvérsias entre os países do bloco.

A Bélgica, por exemplo, se opõe à ideia, temendo implicações legais e possíveis retaliações. O premiê belga Bart de Wever chegou a afirmar que “é uma ilusão achar que a Rússia pode perder a guerra”. Tal declaração expõe as fissuras nas alianças europeias e a complexidade de se chegar a um consenso.

Debates políticos e geopolítica

No campo político, Emmanuel Macron, presidente da França, também teve seu nome envolvido em polêmicas. Segundo uma transcrição vazada, Macron teria expressado dúvidas sobre a lealdade dos EUA à Ucrânia, levantando questões sobre a estabilidade das alianças ocidentais. A França negou tais alegações, mas o estrago já estava feito, evidenciando a desconfiança entre os líderes europeus.

Com essas divisões, a reunião de líderes europeus em Bruxelas se torna ainda mais crucial, pois busca-se uma solução conjunta para enfrentar a “ameaça imperialista russa”, como descrito pelo premiê alemão Friedrich Merz.

Em meio a esse cenário complexo, a visita de Putin à Índia destaca-se como uma manobra crucial para reafirmar a presença russa no cenário global, enquanto a Europa e os EUA continuam em busca de uma estratégia eficaz para lidar com a crise na Ucrânia.